terça-feira, 25 de março de 2014

No Caminho do Andarilho

Era uma sexta. Fui fazer uma entrevista de emprego na Vila Nova Conceição - longe pra carai, por sinal - e depois de bater um papo com a moça que me entrevistou, saí confiante de lá.
Pra economizar aquela passagem ligeira, Não peguei metrô pra voltar pra casa, só usei o ônibus.

Diferente do metrô, o ônibus conta com pessoas certas peculiaridades em relação às pessoas, como por exemplo o fato de falar alto. Sei que no metrô também tem, mas pode ser pelo fato do motor do busão fazer um puta barulho infernal. De boa no busão, prestes a sair do Terminal Pq. Dom Pedro II, uma mulher senta ao meu lado e o amigo dela à nossa frente.
Chegou falando alto pra carai, mais alto que o meu fone e não tinha Presto? ou Carnifex pra cobrir aquela voz, já que não dá pra deixar o volume no talo com esses celulares novos "Ouvir música muito alta pode prejudicar sua audição, vamos baixar esse volume porque somos chatos".



De fato, parece que as pessoas que conversam alto não se tocam que as pessoas estão alheias à conversa, mas que não tem poder para abrir uma discussão saudável seja lá o assunto, e quando o ônibus parte, logo ali tem uma praça onde muitos moradores de rua e nóias - que provavelmente desceram da Cracolândia depois daquela varrida que a PM fez lá pra cima - fizeram uns barracos e ela solta pra todo o ônibus: "Olha que desgraça, por isso que esse país não vai pra frente e é mal visto, esse pessoal precisa de deus!!"

Meus olhos giraram 3 vezes e um "puta que pariu, agora não" apareceu em meus pensamentos. Adiante, embaixo do Viaduto Alcântara Machado, há mais desses barracos e a mulher de novo: "Noooooossa, mais?! Cadê o imposto que eu pago pra limpar essas pessoas da rua?!". Olho girando mais 3 vezes.

O "engraçado" é esse padrão de comentários, como se a culpa fosse toda do governo, como se todo cidadão saiba pra onde está indo o dinheiro do imposto que eles pagam. É aquele costume de apontar o dedo outra vez, de meter deus no meio, de criminalizar o mais pobre e não se importar com os problemas que não os afetam diretamente.

Por um lado isso é bom, porque no dia que o problema bater a porta eu quero ver.

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