quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Onde?

Já faz um tempo que eu tenho me sentido qual rumo tomar. Por mais que hoje eu saiba qual será meu próximo passo, ainda não estou 100% de que esse passo será para o melhor caminho.
Mas voltando ao no "qual rumo tomar", me pergunto onde foi que eu perdi a rota ou se de fato eu tive uma...

Desde criança sempre tirei notas boas sem fazer muito esforço e sendo assim, nunca fui um aluno esforçado. Não gostava muito de aparecer, mas de algum modo eu me destacava. Na verdade, odiava quando o professor fazia alguma pergunta pra mim e eu respondia que não sabia, mesmo sabendo.

E desde criança fui ensinado que se eu estudasse eu ia ter um bom salário no futuro.
Estuda, estuda, estuda que você vai se dar bem.

Eu - e creio que muitos - estudei, mas o quê? Quantos tiveram algum direcionamento? Quantos aprenderam uma profissão, ao invés de estudar pra ser chefe de alguém?
Quando eu terminei o ensino médio, comecei a trabalhar e de uma certa forma, sempre pensei em fazer um intercâmbio, mas até então era uma vontade, nunca foi um sonho. Depois de um tempo eu adquiri consciência de quão bom poderia ser fazer um intercâmbio, porém, naquele tempo era apenas uma vontade de moleque, tinha começado a trabalhar e os primeiros salários (ahhhhh), só gastos com porcaria.

"Faz faculdade que vai te ajudar a arrumar um emprego melhor e com mais facilidade". Era algo que tinha de ser feito. O que eu poderia estudar? Curso de exatas ou humanas?
Cara, nada, absolutamente nada me apetecia. Matemática não é aquela coisa bizarra - à princípio -, mas eu nunca gostei na escola, ainda mais quando tinha geometria no meio.
Nunca me vi como um psicólogo, professor ou biólogo. Nunca me vi como alguma coisa.

Acabei escolhendo o famoso curso dos "não sei o que faço, mas tenho que fazer faculdade": Recursos Humanos, com o velho pretexto de dizer que gosta de pessoas (pra mim, isso é piada pronta). O primeiro semestre foi uma mistureba de cursos tecnológicos, pois haviam matérias em comum, então depois desses semestre, cada um iria pro seu canto. Mas tinha um porém: Naquele semestre você poderia mudar de curso, já que a grade não afetaria. Naquele mesmo semestre eu fui promovido de Office Boy para Auxiliar de Contas a Pagar e eu poderia ter trocado de curso, para Gestão Financeira e me adaptar e quem sabe crescer ainda mais naquela empresa, mas não, "queria" RH. A única coisa que tentei fazer foi mexer com sistemas, mas pulei fora rapidão, porque de fato não é pra mim.

Não gostei da faculdade e não conheço mais ninguém que não tenha gostado. Os prenúncios de amizade que eu tive foram para outros cursos (grande parte para Gestão Financeira) e só desafeto que fiz foi pro RH até a porra do final do curso, com exceção de uma pessoa que teve que trancar a matrícula depois de quase 1 ano.

Aí fodeu, naquela altura do campeonato tive que entrar numa turminha aleatória já montada com uma outra pessoa que era muito gente boa, mas vacilei com ela por que acabei sendo de uma certa forma manipulado e o "problema" dela era uma personalidade forte e tinha métodos peculiares de fazer as coisas da facul, como trabalhos, atividades, etc. e - hoje nem tanto - fico chateado em pensar que fiz um barato desses com uma pessoa que tava na mesma situação, tanto é que no final do curso meu último trabalho foi só com mais uma pessoa, já não confiava em mais ninguém.

Isso me desmotivou pra porra na faculdade, e já tinha o fato de ter aceitado de que o RH das empresas só funciona do jeito que eu esperava (e olhe lá) em empresas extremamente grandes mais o fato de eu ter pedido milhões de vezes pra minha chefe me mudar pro RH e nada de eu ir pro RH mais o fato que eu já estava ficando de saco cheio desse mundo corporativo.

O resultado dessa matemática foi:

Último dia de aula. As provas já tinham sido feitas, só era necessário aguardar o resultado. A professora falou que iria dar uma última atividade pra ajudar na nota final. Com exceção de umas 10 pessoas, o resto da classe foi. A aula era de Psicologia no Trabalho.
Ela fez uma dinâmica que eu esqueci o nome, mas a primeira pessoa pegou um rolo de barbante e tinha que falar de alguém importante na sala ao longo do curso e aí quem falou segura a linha e passa o rolo pra outra e assim por diante... Adiantando a moral da história, todos estavam ligados de alguma forma, formando uma rede. Menos eu.
Eu fui o último, e enquanto não chegava, todo mundo feliz e chorando, aquela coisa bonita de se ver, mas não era o meu clima.

Quando o rolo chegou em mim, olhei pra professora e disse: "É, sou o homem invisível" , com um sorriso amarelo.
Todo mundo se abraçando e agradecendo, inclusive eu, mas não tardei pra ir embora. Não era meu clima, apenas fiz o que era pra ser feito no final das contas: uma faculdade.
Na formatura a mesma coisa, cara de nada padrão e um sorrisinho de vez em quando. Cara, como eu devia ter pagado caro naquele álbum só pra ver as minhas várias caras de bunda...

Só fiquei contente quando eu vi algumas pessoas (do prenúncio de amizade) que também estavam se formando.



Não tenho nada a reclamar do curso, aprendi coisa pra porra e sei que aprenderia em qualquer outro curso que fizesse, mas no final das contas, 2 anos que eu poderia ter feito qualquer outra coisa. Talvez dois anos passíveis de lamentação, mas longe de serem perdidos.

BLOCO EGOÍSTA

Nessa altura do campeonato, eu me lembro da frase "Faz faculdade que vai te ajudar a arrumar um emprego melhor e com mais facilidade". Estou na procura, mas não vi facilidade alguma.
E é aí que o bicho pega. Eu tento, mas não consigo, simplesmente acontece de eu começar a me comparar com algumas pessoas que não estudaram metade do que eu estudei e de alguma forma misteriosa estão numa situação muito melhor e tenho plena ciência de há pessoas que estudaram muito mais que eu e tão na mesma - ou pior. Porém acha ruim quem quer e eu acho isso ruim pra caralho.

FIM DO BLOCO EGOÍSTA


Esse é o de menos, pra ser sincero. O que me frustra é querer fazer algo longe desse meio insustentável e estressante, mas eu não sei fazer nada. Eu não sei desenhar, eu não sei construir e eu acabo não me interessando por nada.
E aí eu começo a pensar o que seria de mim se eu tivesse ido pra Gestão Financeira.
Eu estaria escrevendo este texto? Eu teria feito meu intercâmbio? A cabeça gira de suposições, mas eu teria certeza apenas de uma coisa: Eu detestaria esse mundo corporativo também.


Talvez esse tenha sido o texto mais frustrante que eu nunca quis esquecer e sem querer acabei reproduzindo um pouco do que eu tinha postado em 2011/12, que ainda me pergunto o porquê de eu ter apagado.

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